Como a pintura alivia o Alzheimer

A melhora na auto-estima, na atenção e o resgate de memórias estão entre os benefícios observados quando os pacientes são estimulados a usar pincel e tinta. Nas telas, eles registram parte do que não conseguem mais expressar por causa da doença

Conforme o Alzheimer avança, o indivíduo se desconecta de sua realidade interna e externa. Do lado de dentro, aos poucos perde a lembrança do que fez minutos atrás, do que aconteceu semanas antes, até se esquecer de quem foi e de quem é. Do lado de fora, as dificuldades espelham o caos interno. Há limitações para reconhecer objetos, pessoas, as palavras começam a fugir e chega o momento em que elas não saem mais. A comunicação com o mundo ao redor cessa. Caracterizada pela morte progressiva de neurônios, a enfermidade não tem cura, mas alívio. Parte vem de remédios que retardam sua progressão. Outra está surgindo da arte.

Recentemente, o artista americano Neil Kerman, que desenvolve um trabalho usando a pintura como instrumento de terapia, esteve em São Paulo para mostrar resultados de sua experiência. Eles foram estampados na exposição Alzheimer’s Awareness — a influência da arte e das cores como estímulo no tratamento da doença, e em atividades realizadas em centros de atendimento aos pacientes. “Minhas pinturas são repletas de cores vivas. Aos pacientes, o amarelo pode produzir excitação e o verde ou vermelho, prazer e felicidade”, disse o pintor à ISTOÉ. Sua visita à capital paulista foi organizada pela New York Contemporary Art Society com o apoio da Sinagoga Mishcan Menachen. A exposição dos quadros vai até dia 26, na Saphira e Ventura Galley.

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